segunda-feira, 5 de novembro de 2012

(CITAÇÕES ALEATÓRIAS) Cioran: a modernidade no auge do pessimismo


"O homem tem todas as chances de desaparecer e desaparecerá mais cedo do que pensa, mas, por outro lado, tem toda a razão em prolongar essa tragicomédia, nem que seja por distração ou por vício."

"Não queremos mais suportar o peso das "verdades", continuar sendo suas vítimas e seus cúmplices. Sonho com um mundo que se morreria por uma vírgula."

"Ser um Raskolnikov- sem a desculpa do homicídio."

‎" O real me dá asma."

"Graças à melancolia- esse alpinismo de preguiçosos- escalamos da nossa cama todos os cumes e sonhamos de todos os precipícios."

"O que arruína a alegria é sua falta de rigor; contemple, por outro lado, a lógica do fel..."

"O Desespero é o descaramento da desgraça, uma forma de provocação, uma filosofia para épocas indiscretas."

"Ninguém pode conservar a solidão se não sabe fazer-se odioso."

"Só vivo porque posso morrer quando quiser. Sem a ideia do suicídio já teria me matado há muito tempo."

"No pessimista se combinam uma bondade ineficaz e uma maldade insatisfeita."

"Se acreditasse em Deus, minha fatuidade não teria limites: passearia nu pelas ruas..."

"A arte de amar? Saber unir  a um temperamento de vampiro a discrição de uma anêmona."

"Sem Bach, a teologia seria desprovida de objeto, a Criação fictícia, o nada peremptório.
Se há alguém que deve tudo a Bach esse alguém é Deus."

"A música é o refúgio das almas feridas pela felicidade."

"Evolução: Prometeu, hoje em dia, seria deputado da oposição."

"Uma espiada no itinerário da civilização me dá uma presunção de Cassandra."

"O segredo de minha adaptação a vida? Mudei de desespero como quem muda de camisa."

"A Verdade? Encontra-se em Shakespeare; um filósofo não poderia apropriar-se dela sem explodir com seu sistema."

"Apenas adolescente, a perspectiva da morte me horrorizava; para fugir dela corria ao bordel ou invocava anjos. Mas, com a idade, nos habituamos a nossos próprios terrores, não fazemos mais nada, nos aburguesamos no Abismo. E se houve um tempo em que invejas esse monges do Egito que cavavam suas tumbas para chorar sobre elas, se cavasse a minha agora seria apenas para jogar pontas de cigarro."

(Emil Cioran, Silogismos da amargura)

Um comentário:

A.J.Poettos disse...

Salut! Andei lendo "Exercícios de admiração" e "Breviário de Decomposição". Gostei bastante. Agora estou em busca dos outros (não sei se consigo lê-lo em francês tranquilamente, mas...). Abraço.
p.s. Ando numa fase Malinowski - gostando, inclusive.