quarta-feira, 31 de outubro de 2012

(CITAÇÕES ALEATÓRIAS) Imagens obsessivas, narrativas labirínticas



"Pronto o labirinto, Dédalo sentiu que jamais seria capaz de fazer outro labirinto. Era sempre assim quando acabava uma obra, Depois vinha-lhe outra ideia, outra obra nascia. Agora tinha a certeza de que era diferente, tinha de esquecer aquele labirinto. Mesmo esquecendo, sabia que, quando tivesse de fazer outro labirinto, o risco seria igual ao primeiro. Porque tinha o labirinto dentro de si. Da mesma maneira que um caracol, por mais diferente que seja dum caramujo, sempre tem como ele alguma coisa de comum. Sempre foi assim? Mesmo aquele primeiro labirinto não seria uma repetição dum outro labirinto que ele viu não sabia onde e se esqueceu e depois sonhou e só se sonha aquilo que se tem dentro de si bem enterrado e esquecido? Da mesma maneira que um árvore já está toda inteira dentro da sua semente, aprisionado. Dédalo agora se perdia nos corredores de ideias labirínticas. Ele estava perdido antes de qualquer condenação.

Finalmente Dédalo chegou à inevitável conclusão de que labirinto nada mais é do que a aventura da ordem."

(Autran Dourado, Meu mestre imaginário)

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