Joie de Vivre- 1905
“É somente mais tarde, durante o dia, quando me encontro numa galeria de arte na Rue de Sèze, cercado pelos homens e mulheres de Matisse, que sou novamente arrastado para os limites apropriados do mundo humano. No limiar daquele grande salão cujas paredes estão agora em chamas, paro por um momento para recuperar-me do choque que se experimenta quando o habitual cinzento do mundo é rasgado e a cor da vida salta para frente em canto e poema.
(...)
Em pé, no limiar do mundo que Matisse criou, voltei a experimentar a força da revelação que permitiu Proust deformar tanto o quadro da vida; somente aqueles que, como ele próprio, são sensíveis a alquimia do som e do sentido são capazes de transformar a realidade negativa da vida nos contornos substanciais e significativos da arte. Só os que são capazes de admitir a luz em suas entranhas podem traduzir o que há no coração."
(Henry Miller. Trópico de Câncer)